Por Marcos Amorozo, Luigi Mazza e Renata Buono
Seria de se esperar que na pandemia, com menos carros em circulação, as estradas no Brasil não sofressem grande deterioração ou até melhorassem seu estado de conservação. Mas não foi o que aconteceu. Uma nova pesquisa divulgada pela Confederação Nacional do Transporte (CNT) revelou que, a cada mil quilômetros de estrada pavimentada no Brasil, existem hoje 16 pontos críticos – isto é, problemas que interferem no trânsito e podem causar acidentes, como buracos maiores que um pneu, barreiras caídas e erosões na pista. Em 2019, ano em que a última pesquisa foi feita, foram encontrados 7 pontos críticos a cada mil quilômetros. Essa piora contínua na condição das rodovias se deve, de acordo com o estudo, a uma carência generalizada de investimentos: entre 2010 e 2020, enquanto a frota de veículos cresceu 66,5% no país, a malha pavimentada aumentou apenas 9,1%. O =igualdades desta semana mostra a situação das estradas brasileiras em 2021.
Em 2021, a CNT identificou 1.739 pontos críticos nas rodovias brasileiras. Considerando toda a malha analisada, isso equivale a 16 ocorrências a cada 1 mil km. A maioria dos registros são de buracos grandes, maiores que os pneus de um carro. Essa quantidade de pontos críticos corresponde ao dobro do registrado em 2019, quando os pesquisadores apontaram 7 ocorrências a cada 1 mil km de rodovias.
Cerca de 25,2 mil km de rodovias brasileiras foram avaliados como ruins ou péssimos pela CNT. Isso significa que 23% das pistas tem problemas sérios de conservação. A pesquisa ainda apontou que 42,2 mil km de estrada (38,6% do total) estão classificados como regulares. Os demais 41,6 mil (38,2% do total) estão em bom estado, avaliados como bons ou ótimos.
De uma malha de 41,8 mil km de rodovias estaduais analisadas pela CNT, um total de 15,1 mil km (36,3%) foram classificados como ruins ou péssimos. É uma situação duas vezes pior que a das rodovias federais, que têm problemas graves em 15% de sua extensão.
Dos 1.350 km de estrada avaliados no Acre, 1.150 foram avaliados como ruins ou péssimos e 200 km como regular. Nenhum trecho de rodovia foi classificado como bom ou ótimo, o que faz do estado o mais mal avaliado do país. Alagoas, enquanto isso, é o estado que tem a menor proporção de rodovias com problemas de conservação. O estado tem 840 km de rodovias e apenas 1% deles foram avaliados como ruins ou péssimos.
A imensa maioria das rodovias brasileiras não tem pavimentação. Dos mais de 1,7 milhão de km de estradas federais e estaduais espalhadas por todo o Brasil, apenas 213,5 mil são pavimentadas, o equivalente a 12% do total. Os 1,3 milhão restantes são de terra batida, cascalho ou outros acabamentos precários que dificultam o trânsito de automóveis e caminhões.
No embalo dos incentivos fiscais e facilidade de financiamento, a frota brasileira saltou de 64,8 milhões de veículos, em 2010, para mais de 107,9 milhões em 2020. Só que, na contramão da demanda e do desgaste das pistas, os investimentos públicos e das concessionárias vêm caindo desde 2016, tanto nos valores totais quanto no montante investido por quilômetro.
A falta de investimentos nas rodovias, combinado ao crescente volume de tráfego, favorece o aumento do número de acidentes. De janeiro até setembro de 2021, foram registrados um total de 47,7 mil acidentes, que custaram R$ 8,9 bilhões aos cofres públicos, o dobro do que foi gasto em infraestrutura das rodovias federais em 2021 (R$4,16 bi).

Marcos Amorozo (siga @marcosamrz no Twitter)
Produtor do Foro de Teresina e repórter na piauí, é estudante da Universidade de Brasília (UnB)

Luigi Mazza (siga @LuigiMazzza no Twitter)
Repórter da piauí

Renata Buono (siga @revistapiaui no Twitter)
Renata Buono é designer e diretora do estúdio BuonoDisegno
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Em 2021, a CNT identificou 1.739 pontos críticos nas rodovias brasileiras. Considerando toda a malha analisada, isso equivale a 16 ocorrências a cada 1 mil km. A maioria dos registros são de buracos grandes, maiores que os pneus de um carro. Essa quantidade de pontos críticos corresponde ao dobro do registrado em 2019, quando os pesquisadores apontaram 7 ocorrências a cada 1 mil km de rodovias.
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Cerca de 25,2 mil km de rodovias brasileiras foram avaliados como ruins ou péssimos pela CNT. Isso significa que 23% das pistas tem problemas sérios de conservação. A pesquisa ainda apontou que 42,2 mil km de estrada (38,6% do total) estão classificados como regulares. Os demais 41,6 mil (38,2% do total) estão em bom estado, avaliados como bons ou ótimos.
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De uma malha de 41,8 mil km de rodovias estaduais analisadas pela CNT, um total de 15,1 mil km (36,3%) foram classificados como ruins ou péssimos. É uma situação duas vezes pior que a das rodovias federais, que têm problemas graves em 15% de sua extensão.
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Dos 1.350 km de estrada avaliados no Acre, 1.150 foram avaliados como ruins ou péssimos e 200 km como regular. Nenhum trecho de rodovia foi classificado como bom ou ótimo, o que faz do estado o mais mal avaliado do país. Alagoas, enquanto isso, é o estado que tem a menor proporção de rodovias com problemas de conservação. O estado tem 840 km de rodovias e apenas 1% deles foram avaliados como ruins ou péssimos.
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A imensa maioria das rodovias brasileiras não tem pavimentação. Dos mais de 1,7 milhão de km de estradas federais e estaduais espalhadas por todo o Brasil, apenas 213,5 mil são pavimentadas, o equivalente a 12% do total. Os 1,3 milhão restantes são de terra batida, cascalho ou outros acabamentos precários que dificultam o trânsito de automóveis e caminhões.
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No embalo dos incentivos fiscais e facilidade de financiamento, a frota brasileira saltou de 64,8 milhões de veículos, em 2010, para mais de 107,9 milhões em 2020. Só que, na contramão da demanda e do desgaste das pistas, os investimentos públicos e das concessionárias vêm caindo desde 2016, tanto nos valores totais quanto no montante investido por quilômetro.
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A falta de investimentos nas rodovias, combinado ao crescente volume de tráfego, favorece o aumento do número de acidentes. De janeiro até setembro de 2021, foram registrados um total de 47,7 mil acidentes, que custaram R$ 8,9 bilhões aos cofres públicos, o dobro do que foi gasto em infraestrutura das rodovias federais em 2021 (R$4,16 bi).

Marcos Amorozo (siga @marcosamrz no Twitter)
Produtor do Foro de Teresina e repórter na piauí, é estudante da Universidade de Brasília (UnB)

Luigi Mazza (siga @LuigiMazzza no Twitter)
Repórter da piauí

Renata Buono (siga @revistapiaui no Twitter)
Renata Buono é designer e diretora do estúdio BuonoDisegno
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