De OUTRASAÚDE, 16 de Novembro 2021
Por Gabriela Leite
A primeira colaboração Sul-Sul para o fornecimento de vacinas contra a covid e transferência de tecnologia para produzi-las pode estar dando resultado. O acordo aconteceu entre Cuba e Vietnã, em meados de setembro. Previa a entrega de 5 milhões de doses do primeiro imunizante latino-americano – no caso, a vacina Abdala. Mas a parceria foi além da venda: a transferência de tecnologia também foi garantida, e pode permitir mais autonomia ao Vietnã – já reconhecido pela OMS como produtor eficiente de vacinas desde 2015. Para a revista Peoples Dispatch, foi um passo importante na superação da pandemia de forma que se priorize a população, e não os lucros.

Os efeitos começam a ser sentidos. No final de agosto, pouco antes de o acordo ser concretizado, o Vietnã era um dos países do sudeste asiático com menor taxa de vacinação. Em 25 de setembro, quando as primeiras doses da vacina cubana começavam a chegar, apenas 31% da população vietnamita havia tomado alguma dose de vacina. Pouco mais de dois meses depois, a imunização já alcançou 65,5% (dados de 13/11) dos cidadãos – quase o mesmo índice dos EUA, que contam com fartura de opções de vacina.
Se replicada por mais países, relação entre Cuba e Vietnã pode ajudar a resolver o gravíssimo apartheid vacinal, manifestação das desigualdades globais no terreno crítico da luta pela vida. Enquanto países como o Canadá garantiram doses para imunizar cinco vezes sua população, menos de 7% dos africanos estão imunizados; e só cinco países, entre os 34 do continente, contam chegar ao fim do ano com 25% da população protegida contra a pandemia.
GABRIELA LEITE
Gabriela é editora, designer e produtora audiovisual de Outras Palavras.
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