Por Anna Lisa Bonfranceschi, publicada por La Repubblica, 09-11-2021. A tradução é de Luisa Rabolini.
Era só uma questão de tempo até que alguém chamasse a atenção para o problema. E essa hora chegou, aliás, já chegou há um bom tempo. Quanto plástico utilizamos durante a pandemia? Quanto foi parar no mar? Embora reconhecendo o papel fundamental que o plástico desempenhou na gestão da pandemia pelos motivos que conhecemos - é resistente, barato, lavável, muitas vezes descartável, fácil de encontrar – perguntar-se qual o impacto que teve e terá no meio ambiente é importante.
Também para identificar as áreas mais críticas da sua gestão, que mais necessitam de intervenção. Precisamente com esse intuito, uma equipe de pesquisadores espalhados entre China e Califórnia investigou a quantidade de plástico pandêmico, ou seja, produzido em conexão com a pandemia de Covid, tentando entender onde houve os maiores consumos, e também estimar a parcela que chega ao mar.
O problema da pandemia de plástico não é novo e está à vista de todos. Basta pensar em todo o material relacionado à pandemia necessário nos últimos meses - como o dos testes para a Covid, dos equipamentos de proteção individual, como máscaras e luvas - para entender que estamos diante de um uso excepcional de plástico em comparação com o passado. Menos óbvio, talvez, seja o aumento das compras online que provavelmente contribuiu para o aumento da produção e do consumo no mesmo período, escrevem os pesquisadores nas páginas do PNAS. Já sabemos, eles continuam, que infelizmente esses picos de produção e consumo não são correspondidos por um sistema equivalente de gestão de resíduos. Mas exatamente de quanto plástico estamos falando e de onde ele vem principalmente?
As estimativas efetuadas pelos pesquisadores (em quatro tipologias de plástico: lixo hospitalar, kits de teste, máscaras de residente e embalagens derivadas das compras online), aliadas à incidência de casos e internações, falam de cerca de 8,4 milhões de toneladas de plástico em excesso ligadas à pandemia (até agosto passado, 11 milhões, tentando estimar até o final deste ano). A maior parte é lixo proveniente de hospitais (87,4%), seguido por equipamentos de proteção individual (7,6%), embalagens (4,7%) e kits de teste (0,3%).
Se o maior número de casos ocorreu no período analisado nas Américas, seguidas de Ásia e Europa, é a Ásia (à frente da Europa) onde ocorreu a maior produção de resíduos plásticos. Como evidência, escrevem os pesquisadores, o baixo grau de tratamento de resíduos hospitalares em alguns países, como Índia e China, mas também no Brasil, em comparação com outros países com altos níveis de doença na América do Norte e Europa.
Os cientistas calcularam então que cerca de 26.000 toneladas de plástico que chegam aos oceanos vindas dos rios (cerca de 1,5% de tudo que chega globalmente dos rios e das suas bacias hidrográficas, para comparação), com o Shatt al Arab, o Indus e o rio Yangtze - e, portanto, a Ásia novamente - como principais contribuintes para o lixo no mar. Até o final de 2021, cerca de dois terços desse plástico vão parar nas praias, 16% no fundo do mar e 13% nas águas, segundo seus modelos. Com o passar dos anos, quase todo esse plástica será encontrará unicamente nos fundais marinhos e nas praias.
Estimativas à parte, a mensagem é clara. Se os plásticos estão dando uma grande ajuda na luta contra a pandemia, é mais necessário ainda pensar em como gerenciar os resíduos, também à luz dos adiamentos nas proibições de plásticos descartáveis favorecidos pela pandemia. Para isso, concluem os autores, é necessário um pouco de tudo: é preciso certamente focar no desenvolvimento de materiais mais ecológicos e em novas tecnologias de coleta e reciclagem, mas no curto prazo é preciso buscar a otimização da gestão dos resíduos, especialmente os resíduos hospitalares em países em desenvolvimento. E, em todo lugar, mais atenção.
Também para identificar as áreas mais críticas da sua gestão, que mais necessitam de intervenção. Precisamente com esse intuito, uma equipe de pesquisadores espalhados entre China e Califórnia investigou a quantidade de plástico pandêmico, ou seja, produzido em conexão com a pandemia de Covid, tentando entender onde houve os maiores consumos, e também estimar a parcela que chega ao mar.
O problema da pandemia de plástico não é novo e está à vista de todos. Basta pensar em todo o material relacionado à pandemia necessário nos últimos meses - como o dos testes para a Covid, dos equipamentos de proteção individual, como máscaras e luvas - para entender que estamos diante de um uso excepcional de plástico em comparação com o passado. Menos óbvio, talvez, seja o aumento das compras online que provavelmente contribuiu para o aumento da produção e do consumo no mesmo período, escrevem os pesquisadores nas páginas do PNAS. Já sabemos, eles continuam, que infelizmente esses picos de produção e consumo não são correspondidos por um sistema equivalente de gestão de resíduos. Mas exatamente de quanto plástico estamos falando e de onde ele vem principalmente?
As estimativas efetuadas pelos pesquisadores (em quatro tipologias de plástico: lixo hospitalar, kits de teste, máscaras de residente e embalagens derivadas das compras online), aliadas à incidência de casos e internações, falam de cerca de 8,4 milhões de toneladas de plástico em excesso ligadas à pandemia (até agosto passado, 11 milhões, tentando estimar até o final deste ano). A maior parte é lixo proveniente de hospitais (87,4%), seguido por equipamentos de proteção individual (7,6%), embalagens (4,7%) e kits de teste (0,3%).
Se o maior número de casos ocorreu no período analisado nas Américas, seguidas de Ásia e Europa, é a Ásia (à frente da Europa) onde ocorreu a maior produção de resíduos plásticos. Como evidência, escrevem os pesquisadores, o baixo grau de tratamento de resíduos hospitalares em alguns países, como Índia e China, mas também no Brasil, em comparação com outros países com altos níveis de doença na América do Norte e Europa.
Os cientistas calcularam então que cerca de 26.000 toneladas de plástico que chegam aos oceanos vindas dos rios (cerca de 1,5% de tudo que chega globalmente dos rios e das suas bacias hidrográficas, para comparação), com o Shatt al Arab, o Indus e o rio Yangtze - e, portanto, a Ásia novamente - como principais contribuintes para o lixo no mar. Até o final de 2021, cerca de dois terços desse plástico vão parar nas praias, 16% no fundo do mar e 13% nas águas, segundo seus modelos. Com o passar dos anos, quase todo esse plástica será encontrará unicamente nos fundais marinhos e nas praias.
Estimativas à parte, a mensagem é clara. Se os plásticos estão dando uma grande ajuda na luta contra a pandemia, é mais necessário ainda pensar em como gerenciar os resíduos, também à luz dos adiamentos nas proibições de plásticos descartáveis favorecidos pela pandemia. Para isso, concluem os autores, é necessário um pouco de tudo: é preciso certamente focar no desenvolvimento de materiais mais ecológicos e em novas tecnologias de coleta e reciclagem, mas no curto prazo é preciso buscar a otimização da gestão dos resíduos, especialmente os resíduos hospitalares em países em desenvolvimento. E, em todo lugar, mais atenção.
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