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Da teoria à ação

O olhar do marxismo árabe e muçulmano no livro do franco-egípcio Samir Amin


Da Carta Maior, 18 de Novembro, 2020
Por Redação Carta Maior



Créditos da foto: (Reprodução/Fotomontagem/Carta Maior)


Somente os povos fazem sua própria história é uma coletânea de 12 ensaios do economista marxista franco-egípcio Samir Amin (1931-2018), publicados originalmente pela revista Monthly Review, e com introdução do filósofo marxista indiano Aijaz Ahmad.

Os textos selecionados, produzidos no período de 2000 a 2018, são análises do capitalismo contemporâneo nas quais encontramos as categorias marxistas com as quais compreendeu a relação histórica de dependência entre o Sul e o Norte, com fim do período colonial dos grandes impérios e a ascensão do imperialismo estadunidense.

Nesta coletânea percebe-se o olhar do marxismo árabe e muçulmano, com a incorporação de importantes referências como Frantz Fanon e Aimé Césaire, que compreendeu o processo histórico de formação capitalismo a partir da perspectiva dos países da periferia.

Organizados em ordem cronológica, os ensaios trazem importante contribuição aos campos da economia política, da história e da cultura e auxilia o entendimento de temas de grande relevância.

Os temas: o capitalismo no século XXI e a transição ao socialismo, o aumento da pobreza mundial ao lado da acumulação do capital, a emergência do Islã político.

E também o retorno do fascismo, a ascensão da China e seu impacto econômico e político no Norte global, e a atualização da vocação terceiro-mundista do marxismo.

O trabalho é uma obra de muita atualidade e é fundamental para a releitura da tese marxista, no livro fertilizada por Samir Amin, que escreve: “Somente os povos fazem sua própria história”.

Os textos são curtos e profundos para o estudo individual e coletivo, de estudantes, pesquisadores/as e professores/as de economia, ciências humanas, geopolítica, marxismo, e de militantes sociais.

Aqui, alguns trechos de Samir Amin:

“Algumas pessoas [...] acreditam que nosso tempo não é de transição socialista, mas de expansão mundial do capitalismo que, a partir desse ‘cantinho da Europa’, está apenas começando a se estender para o Sul e o Leste''.

[...] ''Outros, eu incluso, vêem as coisas de forma diferente. A revolução ininterrupta por etapas ainda está na agenda da periferia. Restaurações no curso da transição socialista não são irrevogáveis. E rupturas na frente imperialista não são inconcebíveis nos elos fracos do centro”.

Para sua informação: o autor, Samir Amin (1931-2018), de origem franco-egípcia, economista por formação, foi um dos mais importantes intelectuais marxistas do século XX.

Destacou-se por sua importante contribuição à teoria do sistema-mundo, bem como à análise sobre os mecanismos de dominação e dependência centro-periferia no capitalismo.

Sua formação se deu no movimento de descolonização do pós-Guerra e na tradição econômica marxista. Amin tinha como principal preocupação em seus escritos o rigor teórico e a clareza na argumentação. Relembrando uma formulação de Marx, os seus escritos contribuíram para que as trabalhadoras e trabalhadores se apropriem da produção teórica e a transformem em força material.

O livro tem 252 páginas e acaba de ser lançado pela Editora Expressão Popular/Instituto Tricontinental de Pesquisa Social na coleção Debates e Perspectivas/Série Sul Global.

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