Integrante da rede que protegeu a garota capixaba conta: movimento feminista e médico corajoso foram cruciais para garantir o direito à interrupção da gravidez. Mas para avançar, é preciso batalha cultural contra o fundamentalismo.
[Acompanhe o Tibungo em seu tocador de podcast preferido] Uma cena indescritivelmente cruel marcou o último final de semana. Grupos de fundamentalistas antiaborto aglomeraram-se em frente ao Centro Integrado de Saúde Amaury de Medeiros, o Cisam, que faz parte da Universidade de Pernambuco.
O que moveu seu ódio foi o fato de que uma garota de dez anos estava prestes a realizar um procedimento legal de aborto, de uma gravidez gerada por um estupro. Chamavam-na de assassina. Forçaram as portas do hospital. Foram impulsionados por Sara Giromini, extremista que está em prisão domiciliar e vazou informações confidenciais sobre a garota de 10 anos.
Mas houve resistência. Um grupo do Fórum de Mulheres de Pernambuco, ao saber do que estava prestes a acontecer, uniu-se para dificultar a entrada dos fundamentalistas. Usaram seus próprios corpos como correntes. O aborto foi concluído, graças também ao combativo médico obstetra dr Olímpio Barbosa de Moraes Filho, diretor clínico do Cisam.
Hoje conversaremos com Silvia Camurça, educadora popular e integrante da equipe do SOS Corpo Instituto Feminista pela Democracia. Militante feminista do Fórum de Mulheres de Pernambuco. Ela analisa como se deu o crescimento do poder e do alcance de grupos fundamentalistas antiaborto, e como estão ligados ao projeto de poder que hoje tem como principal líder o presidente Jair Bolsonaro.
Silvia também escancara as desigualdades no direito ao aborto, em um país onde mulheres ricas interrompem a gravidez com segurança, enquanto as periféricas são marginalizada. E explica a importância do feminismo na transformação cultural da sociedade, que poderá mudar essa triste realidade no futuro.
Este grupo se insere numa das linhas de pesquisa do LABMUNDO-BA/NPGA/EA/UFBA, Laboratório de Análise Política Mundial, Bahia, do Núcleo de Pós-graduação da Escola de Administração da UFBA. O grupo é formado por pesquisadores de diferentes áreas do conhecimento e de diferentes instituições públicas de ensino e pesquisa.
Buscamos nos apropriar do conhecimento das inter-relações das dinâmicas socioespaciais (políticas, econômicas, culturais) dos países da América do Sul, especialmente do Brasil, da Bolívia, da Argentina e do Chile, privilegiando a análise histórica, que nos permite captar as especificidades do chamado “subdesenvolvimento”, expressas, claramente, na organização das economias dos diversos povos, nos grupos sociais, no espaço.
Nosso campo de investigação dialoga com os campos da Geopolítica, Geografia Crítica, da Economia Política e da Ecologia Política. Pretendemos compreender as novas cartografias que vêm se desenhando na América do Sul nos dois circuitos da economia postulados por Milton Santos, o circuito inferior e o circuito superior. Construiremos, desse modo, algumas cartografias de ação, inspirados na proposta da socióloga Ana Clara Torres Ribeiro, especialmente dos diversos movimentos sociopolíticos dessa região, das últimas décadas do século XX à contemporaneidade.
Interessa-nos, sobretudo, a compreensão e a visibilidade das diferentes reações e movimentos dos países do Sul à dinâmica hegemônica global, os espaços de cooperação e integração criados, as potencialidades de criação de novos espaços e os seus significados para o fortalecimento da integração e da cooperação entre os países do Sul, do ponto de vista de outros paradigmas de civilização, a partir de uma epistemologia do sul. Através das cartografias de ação, buscamos perceber as antigas e novas formas de organização social e política, bem como os espaços de cooperação SUL-SUL aí gestados. Consideramos a integração e a cooperação Sul-Sul como espaços potenciais da construção de novos caminhos de civilização que superem a violência do desenvolvimento da forma em que ele é postulado e praticado.
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