Do 247, 1 de Novembro, 2019
Por Eric Nepomuceno, jornalista e escritor
"A ameaça de um dos filhos boçais do boçal que a cada dia deposita o traseiro na poltrona presidencial de retomar o AI-5 despertou indignação até mesmo dentro daquilo que é chamado de seu próprio partido político (na verdade, um fértil e produtivo laranjal)", aponta o colunista Eric Nepomuceno
Acossado pela possibilidade de que surjam dados concretos comprovando não uma vinculação direta do clã Bolsonaro com o assassinato de Marielle Franco e seu motorista Anderson Gomes, mas no mínimo com seus assassinos, a saída encontrada pela família que nos domina parece ter sido atiçar de maneira tresloucada os inimigos com ameaças absurdas (a tempo: para um Bolsonaro, não existem adversários; o que existem são inimigos a serem exterminados).
A mais recente – e por enquanto inviável – foi insinuar a possibilidade de implantar de novo o nefasto AI5.
Essa é, penso seu, a justificativa mais plausível para a escalada de absurdos que se espalham não apenas pelas redes sociais, mas também pelas emissoras de televisão aderidas ao governo anacrônico que a cada dia desgoverna mais este país náufrago.
Aliás, desgoverna e afunda enquanto Guedes e companhia contribuem com voracidade assombrosa para que tudo se afunde de vez.
(E repetindo o ‘aliás’, de onde, de que fundo de pântano içaram esse sacripanta que antes de se tornar um desenfreado especulador no mercado financeiro, e depois também, só tem como destaque no currículo ter trabalhado para o regime sanguinário de Augusto Pinochet no Chile?)
A ameaça de um dos filhos boçais do boçal que a cada dia deposita o traseiro na poltrona presidencial de retomar o AI-5 despertou indignação até mesmo dentro daquilo que é chamado de seu próprio partido político (na verdade, um fértil e produtivo laranjal).
E com isso, desviaram-se, ao menos por um tempinho, as atenções para o foco da crise: a proximidade da família Bolsonaro com os assassinos de Marielle Franco.
Chega a vez, então, de procuradores e tribunais entrarem no jogo. E a primeira coisa que aparece é a imagem de uma um tanto assanhada promotora de Justiça, a exibir seus dotes físicos para eventuais apreciadores, ao lado de um energúmeno troglodita que arrebentou a placa que homenageava a vereadora assassinada. Ou em outras imagens, elevando Bolsonaro aos céus ou quase.
Nunca houve tanta evidência da contaminação do ministério Público e, aliás, de todo o poder judiciário, por uma extrema direita desvairada.
Tudo isso é, num primeiro resumo, o retrato deste Brasil em que milhões de inconsequentes elegeram semelhante figura (semelhante família) para destroçar o país.
As vinculações (e reiterada admiração) do clã mais boçal da história da República com milícias criminosas eram fartamente conhecidas. Aliás, todo o resto era fartamente conhecido. E ainda assim, o clã foi eleito.
Pois bem, a questão agora é outra: o que fazer com semelhantes aberrações e suas ameaças concretas?
Enquanto ninguém no Brasil parece saber responder a esta questão elementar, o país continua a ser motivo de vergonha mundo afora. E, nesses últimos dias, logo aqui, nas vizinhanças.
Depois de haver dirigido sua estupidez habitual que se reforça a cada dia contra o presidente eleito na Argentina, Alberto Fernández, o presidente brasileiro achou que era hora de se intrometer na eleição presidencial uruguaia, que no dia 24 de novembro terá um segundo turno.
Sem nenhum vestígio de pudor – aliás, tudo indica que ele ignora não apenas o sentido da palavra, mas a palavra – Bolsonaro resolveu apoiar o candidato direitista Luis Lacalle contra o da Frente Ampla, Daniel Martínez.
Lacalle é o favorito no segundo turno, com pleno apoio do resto da direita e até da extrema direita.
E o que aconteceu?
Bem, aconteceram duas coisas, que deixam claro de toda claridade o desastre que viraram não apenas o clã Bolsonaro, que sempre foi, mas um Itamaraty destruído por uma aberração chamada Ernesto Araújo.
A primeira: Lacalle não apenas dispensou, mas rejeitou o apoio de Jair Bolsonaro. E fez isso de maneira contundente.
A segunda: o ministério de Relações Exteriores do Uruguai convocou (atenção: não convidou, convocou) o embaixador brasileiro no país, Antônio Simões, a prestar explicações “sobre as expressões vertidas pelo senhor presidente Jair Bolsonaro relacionadas ao processo eleitoral que ocorre em nosso país”.
Em castelhano é corrente a expressão “verguenza ajena”, que acontece quando alguém sente vergonha do que outro alguém, geralmente um boçal, está fazendo ou fez.
Pois devo confessar que graças a esse governo de puras aberrações, a começar pelo clã presidencial, não me lembro de ter sentido tanta verguenza ajena antes.
Nem mesmo nos tempos da ditadura: ali, pelo menos, o jogo era claro, e não essa baboseira institucional de hoje, que permite que um bando de tresloucados faça o que está fazendo.
Grupo de Pesquisa Sul-Sur
Este grupo se insere numa das linhas de pesquisa do LABMUNDO-BA/NPGA/EA/UFBA, Laboratório de Análise Política Mundial, Bahia, do Núcleo de Pós-graduação da Escola de Administração da UFBA. O grupo é formado por pesquisadores de diferentes áreas do conhecimento e de diferentes instituições públicas de ensino e pesquisa.
Buscamos nos apropriar do conhecimento das inter-relações das dinâmicas socioespaciais (políticas, econômicas, culturais) dos países da América do Sul, especialmente do Brasil, da Bolívia, da Argentina e do Chile, privilegiando a análise histórica, que nos permite captar as especificidades do chamado “subdesenvolvimento”, expressas, claramente, na organização das economias dos diversos povos, nos grupos sociais, no espaço.
Nosso campo de investigação dialoga com os campos da Geopolítica, Geografia Crítica, da Economia Política e da Ecologia Política. Pretendemos compreender as novas cartografias que vêm se desenhando na América do Sul nos dois circuitos da economia postulados por Milton Santos, o circuito inferior e o circuito superior. Construiremos, desse modo, algumas cartografias de ação, inspirados na proposta da socióloga Ana Clara Torres Ribeiro, especialmente dos diversos movimentos sociopolíticos dessa região, das últimas décadas do século XX à contemporaneidade.
Interessa-nos, sobretudo, a compreensão e a visibilidade das diferentes reações e movimentos dos países do Sul à dinâmica hegemônica global, os espaços de cooperação e integração criados, as potencialidades de criação de novos espaços e os seus significados para o fortalecimento da integração e da cooperação entre os países do Sul, do ponto de vista de outros paradigmas de civilização, a partir de uma epistemologia do sul. Através das cartografias de ação, buscamos perceber as antigas e novas formas de organização social e política, bem como os espaços de cooperação SUL-SUL aí gestados. Consideramos a integração e a cooperação Sul-Sul como espaços potenciais da construção de novos caminhos de civilização que superem a violência do desenvolvimento da forma em que ele é postulado e praticado.
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