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Balanço do protesto dos “coletes amarelos” na França

Foto: AFP/Philippe Huguen

Do GGN, 18 de Novembro, 2018


Manifestação contra a alta do diesel representa insatisfação popular com a falta de poder aquisitivo: 75% dos franceses apoiam “coletes amarelos”

Jornal GGN - Uma morte, 409 feridos e 282 presos no protesto que tomou vários pontos da França, inicialmente, contra o preço do diesel - 23% nos últimos 12 meses -, mas agora, representando a insatisfação popular com a falta de poder aquisitivo. As informações são do governo francês, após o balanço das manifestações que aconteceram neste sábado (17), levando às ruas 280 mil pessoas que bloquearam vias de passagem para automóveis.

A organização dos protestos dos "coletes amarelos", em alusão à peça fluorescente utilizada pelos manifestantes e obrigatória nos carros franceses, aconteceu através das redes sociais, sem ligação com partidos políticos ou sindicatos.

O diesel é o combustível mais usado pelos carros franceses e está custando, em média, €1.51 por litro (R$ 6,46). A título de comparação, aqui no Brasil a comercialização do litro do diesel está, em média, em R$ 3,68, segundo dados do início de novembro compilados pela Agência Nacional do Petróleo (ANP). A alta do combustível por aqui também foi responsável pelos protestos promovidos pelos caminhoneiros em maio deste ano.

O caso da morte foi de uma aposentada de 63 anos, atropelada por um motorista de caminhão que tentou passar a barreira de protestos porque estava levando a filha para o hospital. Os outros casos de ferimento, aconteceram da mesma forma, com motoristas tentaram furar os bloqueios.

O governo Emmanuel Macron argumenta que três quartos do aumento do preço combustível se deve a alta internacional, embora o valor tenha caído no último período. Neste ano, o presidente também aprovou o aumento do preço de impostos sobre os combustíveis fósseis para incentivar fontes alternativas. Para completar o quadro, o governo anunciou um novo aumento nos preços de combustíveis a partir do dia 1º de janeiro.

Um levantamento de opinião realizado pelo instituto Elabe mostra que a aceitação aos protestos entre população francesa é alta: 75% dos entrevistados disseram apoiar os "coletes amarelos" e 70% consideram que o governo deveria reverter o aumento sobre os combustíveis.

"As expectativas e o descontentamento em relação ao poder de compra são gerais. Não é algo que preocupa apenas a França rural ou as classes mais baixas", declarou Vincent Thibault, do instituto Elabe, segundo informações da BBC Brasil.

Macron ainda não se pronunciou a respeito dos protestos. Em paris, os manifestantes tentaram se aproximar do Palácio do Eliseu, residência oficial do presidente francês, mas foram impedidos pela polícia com gás lacrimogêneo.

Políticos da oposição aproveitaram para se posicionar ao lado da população e criticar Macron. A líder de centro-direita dos republicanos, Laurent Wauquiez disse que presidente deveria voltar atrás reduzindo os impostos sobre os combustíveis.

O líder do Partido Socialista, Olivier Faure, declarou que o movimento "nasceu fora dos partidos" e que "as pessoas querem que os políticos as escutem e respondam a elas":

"A sua demanda é por ter poder de compra e uma justiça financeira", completou. Já a líder do partido de extrema-direita, Marine Le Pen, publicou no Twitter: "O governo não deveria ter medo do povo francês que vai manifestar sua revolta e faz isso de uma forma pacífica".

Para conter o quadro de insatisfação na queda do poder de compra, na última quarta-feira (14), o primeiro-ministro Edouard Philippe anunciou que o governo irá implementar medidas para ajudar os mais pobres a custear conta de energia e o transporte. Atualmente, são 3,6 milhões o total de beneficiadas por programas de governo neste sentido e a meta é aumentar o número para 5,6 milhões. O governo também propõe aumentar créditos fiscais para quem depende de carro para trabalhar.

Com informações da BBC Brasil

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