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SE HADDAD ABRIR MÃO DA REELEIÇÃO E APONTAR CIRO PARA 2022, HÁ CHANCES, DIZ FILÓSOFO


Segundo o filósofo Marcos Nobre, "há apenas um caminho para Fernando Haddad (PT) conseguir o feito improvável de derrotar Jair Bolsonaro (PSL) na eleição: mostrar que ele, Haddad, não é o candidato do PT, mas sim o de uma frente democrática"; na visão de Nobre, o primeiro passo de Haddad deveria ser "abrir mão de se candidatar à reeleição, caso eleito, e afirmar que Ciro Gomes (PDT) será o candidato dessa frente democrática em 2022"



Do 247, 15 DE OUTUBRO DE 2018 


247 - Segundo o filósofo Marcos Nobre, "há apenas um caminho para Fernando Haddad (PT) conseguir o feito improvável de derrotar Jair Bolsonaro (PSL) na eleição: mostrar que ele, Haddad, não é o candidato do PT, mas sim o de uma frente democrática". Na visão de Nobre, o primeiro passo de Haddad deveria ser "abrir mão de se candidatar à reeleição, caso eleito, e afirmar que Ciro Gomes (PDT) será o candidato dessa frente democrática em 2022".

A reportagem do jornal Folha de S. Paulo destaca que "o segundo passo seria incorporar pontos do programa de outros candidatos, de forma unilateral, sem exigir apoio em troca. Isso valeria para qualquer legenda que não tenha anunciado apoio a Bolsonaro, como a Rede de Marina Silva e o PSDB. O PT também deveria renunciar a uma candidatura à presidência da Câmara, embora tenha a maior bancada, e integrar a sua campanha nomes como Nelson Jobim, para a pasta da Segurança, Joaquim Barbosa, sinalizando um compromisso com o combate à corrupção, e Marina no Meio Ambiente".

Sobre a ideia da frente democrática, Marcos Nobre diz: "a primeira coisa é chamar Ciro Gomes e dizer: 'Eu abro mão de me candidatar à reeleição se for eleito e acho que nessa frente que montamos Ciro deveria ser nosso candidato em 2022'. Com isso, afasta-se o medo que as pessoas têm de que o PT vai se perpetuar no poder. A segunda coisa é tomar pontos programáticos não só dos partidos que apoiarão Haddad, como PSOL, PDT e PSB, mas também tomar de outras candidaturas, de maneira unilateral, sem ter o apoio deles. De todas as forças políticas que disseram que não votam no Bolsonaro, ele tomaria unilateralmente os pontos do programa , sem negociar, sinalizando: 'eu quero você dentro do meu governo'."

O filósofo avança: "poderia adotar, por exemplo, a agenda ambiental de Marina Silva, a proposta de Alckmin de criação de uma força de segurança nacional. Precisa abrir espaço para que Marina e Ciro participem. Deveria chamar uma figura como Joaquim Barbosa para representar, dentro do governo, o combate à corrupção. Chamar Nelson Jobim para ser responsável pela segurança pública. Haddad precisa fazer movimentos nesse sentido. Se não fizer, não estará querendo de fato ampliar a sua base, não mostrará empenho em fazer um governo diferente. É um desafio histórico, uma oportunidade de refundação. Para sair das cordas, o PT precisa de ajuda. E o PT pedindo ajuda, precisa também distribuir poder, de verdade".

O professor da Unicamp prossegue: "mas lideranças como Ciro, Marina e Fernando Henrique Cardoso têm se mostrado resistentes a um apoio aberto a Haddad... O que acabei de dizer significa fazer gestos concretos na direção dessas pessoas. Não é apenas, 'eu quero conversar com você'. Palavras não bastam. São gestos concretos para se formar uma frente. Uma frente não se forma apenas porque do outro lado há um risco à democracia. "És responsável pelo segundo turno que conquistas" —o "Pequeno Príncipe" aplicado à política. Não pode simplesmente dizer, 'perdemos'. Pode perder, evidentemente, mas tem que de fato tentar."

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