Esta eleição, por incrível que pareça, tem o ódio como modus operandi, mas vai ser definida pelo amor. O amor nos faz lutar como feras e, por medo de ver ferimentos em quem amamos, tomamos medidas desesperadas. Converse. Respeite. Busque ver pelos olhos alheios.
Do Blog da Boitempo, 20 de outubro, 2018
Por Emicida.
Aos progressistas/democratas que, assim como eu, têm preocupação com o destino da maioria do país. Visão memo, no limite da humildade, idéia de progresso, sai na rua e vai falar com as pessoas. Menos vaidade acadêmica e hashtag da moda e mais empatia real com o desespero alheio.
A vitória de Trump nos EUA, era anunciada semanas antes, justamente por que seus antagonistas ficaram confortáveis em suas bolhas analisando a população como objeto de pesquisa e não como seres humanos com medos reais e esperanças ameaçadas, por um tempo bastante dicicil. Existe uma pseudo-militância progressista bastante vaidosa e barulhenta, que tem uma visão problemática, burguesa, distante e bem perigosa a respeito de quem não frequenta os mesmos ambientes que eles, em geral ambientes acadêmicos.
Por isso, digo no limite da humildade, saiam na rua e conversem com as pessoas com respeito e empatia real, não como senhores da verdade, não fiquem tentando enfiar pautas complexas até pra nóiz, goela abaixo das tiazinhas de setenta anos que só querem que funkeiros abaixem o volume… Fala-se muito sobre masculinidade tóxica aqui (virei papo cabeça já rs), essa masculinidade é tida como sinônimo de força, homens, mulheres (e gays também) a incorporam para defender suas famílias. Isso se torna um valor e pra muitos nas beiradas da cidade, é tudo o que se tem…
Quando essa vaidade de vocês desconsidera ou minimiza a frustração e o medo do cidadão pobre, cansado de tudo (cansaço fisico, psicológico e emocional real) – cansado entre outras coisas de tomar enquadro e também de ter seu celular de 400 golpes roubado por um moleque que devia tá na escola. Esse irmão e essa irmã se sentem castrados, querem ter de volta sua força roubada. Não temos uma tradição respeitável de diálogo, não há um período violento nesse país que tenha feito um processo sério de conciliação. O natural daqui é ver no autoritarismo uma solução prática.
É um risco, reconhecido por muitos, mas uma guinada desesperada por uma mudança necessária. Talvez esse o único ponto pacifico de 2018: as coisas precisam mudar. A discordância nasce das sugestões de por qual caminho. As pessoas pobres/pretas sabem dos perigos do discurso, sabem do quão é arriscado dar carta branca pras polícias matarem mais, mas elas têm preferido arriscar nessa loteria ao contrário, onde o sorteado se fode. Porque a probabilidade de punir real o bandido lhe parece maior. Junta isso com as conciliações/reparações sérias não feitas que falei antes (escravidão/genocídio indígena/ditadura militar etc), um judiciário de imparcialidade questionável, uma mídia hegemônica irresponsável que rifa o destino do país junto ao que há de pior na política. E temos o que temos hoje. Uma eleição que está no segundo turno onde fala-se mais de Venezuela e Cuba, do que do Brasil. Tudo precisa ser ultra contextualizado mas o tempo é de descontextualização. Fica difícil saber em quem confiar, até pra nóiz que estudamos história direito rs
Digo isso porque estava há uns dias com um parça da brasilândia que ja apanhou da PM de graça, mas que disse que ia de 17. Tivemos uma conversa da hora, ele falou os pontos dele eu disse os meus (ganhei dele porque sou MC de batalha) e vi que ele estava apenas desesperado. Tem muita gente assim. Eu rodo esse país, vejo muito isso. E isso é legítimo. Por isso peço: ultrapassem as hashtags da moda (“fascista”, “racista”, “homofóbico”) e conversem respeitosamente (onde houver possibilidade de diálogo) com nossos irmãos e irmãs.
Tem abutre de toda sorte querendo ver o circo pegar fogo, pessoas que merecem essas hashtags ali de cima. Acho que Bolsonaro tem realmente esses valores questionáveis, mas não caiam na generalização simplista de achar que a favela toda virou fã de Hitler. Tem mais camadas aí. É um tempo difícil. Não há solidez em quase nada para podermos firmar algo. Tem muita gente se sentindo sem chão e tentando se agarrar a qualquer coisa que lhe pareça ter alguma solidez. Se pra nóiz que vive confortavelmente tá estranho, imagina pra quem tá na beirada da cidade. Se até a gente que compreende a importância do partido dos trabalhadores no país, têm duras criticas a ele, imagine as pessoas que estão sendo fuziladas com informações falsas 24 horas por dia.
Transcendam o digital. Esta eleição, por incrível que pareça, tem o ódio como modus operandi, mas vai ser definida pelo amor. O amor nos faz lutar como feras e, por medo de ver ferimentos em quem amamos, tomamos medidas desesperadas. Converse. Respeite. Busque ver pelos olhos alheios. Falei pra caraio. Eu só queria dizer que o Brasil é mais complexo do que ambos os extremos do campo politico conseguem perceber. Eu vou de Haddad 13, por que não há um futuro positivo que não comece por uma escola. O momento é de educação. Obrigado pela atenção de sempre rapa!
PS: Emicida em janeiro: que se foda a política, essas porra tudo se corrompeu, tem que explodir tudo, dá licença, num devo num temo que já era, sem reforma num falo mais um “a”… Emicida em outubro: thread de 8 quilômetros! Desculpem. Rsrsrs
* Reflexão publicada originalmente no Twitter de Emicida em 20 de outubro de 2018 em formato de “thread”. Leia o original clicando aqui.
Grupo de Pesquisa Sul-Sur
Este grupo se insere numa das linhas de pesquisa do LABMUNDO-BA/NPGA/EA/UFBA, Laboratório de Análise Política Mundial, Bahia, do Núcleo de Pós-graduação da Escola de Administração da UFBA. O grupo é formado por pesquisadores de diferentes áreas do conhecimento e de diferentes instituições públicas de ensino e pesquisa.
Buscamos nos apropriar do conhecimento das inter-relações das dinâmicas socioespaciais (políticas, econômicas, culturais) dos países da América do Sul, especialmente do Brasil, da Bolívia, da Argentina e do Chile, privilegiando a análise histórica, que nos permite captar as especificidades do chamado “subdesenvolvimento”, expressas, claramente, na organização das economias dos diversos povos, nos grupos sociais, no espaço.
Nosso campo de investigação dialoga com os campos da Geopolítica, Geografia Crítica, da Economia Política e da Ecologia Política. Pretendemos compreender as novas cartografias que vêm se desenhando na América do Sul nos dois circuitos da economia postulados por Milton Santos, o circuito inferior e o circuito superior. Construiremos, desse modo, algumas cartografias de ação, inspirados na proposta da socióloga Ana Clara Torres Ribeiro, especialmente dos diversos movimentos sociopolíticos dessa região, das últimas décadas do século XX à contemporaneidade.
Interessa-nos, sobretudo, a compreensão e a visibilidade das diferentes reações e movimentos dos países do Sul à dinâmica hegemônica global, os espaços de cooperação e integração criados, as potencialidades de criação de novos espaços e os seus significados para o fortalecimento da integração e da cooperação entre os países do Sul, do ponto de vista de outros paradigmas de civilização, a partir de uma epistemologia do sul. Através das cartografias de ação, buscamos perceber as antigas e novas formas de organização social e política, bem como os espaços de cooperação SUL-SUL aí gestados. Consideramos a integração e a cooperação Sul-Sul como espaços potenciais da construção de novos caminhos de civilização que superem a violência do desenvolvimento da forma em que ele é postulado e praticado.
Notícias
Africa
Agroecologia
Alienação
Amazônia
América Latina
Argentina
Arte
Bali
Biopirataria
Boaventura Sousa
Bolívia
Brasil
Buen Vivir
Campo Refugiados
Canada
Capitalismo
Chile
China
Ciência e Tecnologia
Cinema
Cisjordânia
Civilização
Colômbia
Colonialidade
Condição Feminina
Conflitos
Congresso
Corrupção
Crise
Crise Moral
Cuba
Democracia
Democrácia
Desemprego
Diplomacia Militar
Direitos Humanos
Ditadura Civil- Militar
Divida
Dívida Egíto
Droga
Drones
Ecologia
Economia
Educação
Educação Rural México
Empreendedorismo
Equador
Escravidão
Esquerda
Estado
Estados Unidos
EUA
Europa
Europeismo
Evasão de Capital
Exclusão
Exploração
Folclore
Forum Social
Fotografia
França
Futuro
Geografia Crítica
Geopolitica
Geopolítica
Gerencialismo
Golpe
Grécia
Greve
Guerra
História
humanidade
Ilhas Malvinas
Imigração
Imperialismo
Imprensa
Indígenas
Indústria
Industrialização. Brasil
Informação
Integração
Intervenção humanitária
Iran
Israel
Jornalismo
Literatura
Lombardia
Luta de Classe
Machismo
Marxismo
Medicina
Medos
Meio Ambiente
Mercosul
México
Mídia
Migrantes
Milícias kurdas
Mineração
Modelo Liberal Periférico
Montrèal
Movimento Estudantil
Movimentos Populares
Mulheres
Mundialização
Nazismo
Neocolonialismo
Neurociência
Noam Chomsky
Ocidente
ONG
Orçamento Público
Oriente Médio
Palestina
Paraguai
Pensamento
Peru
Pesamento Econômico
Petróleo
po
Poesia
Política
Políticas Neoliberais
Portugal
Precarização
Previdência
Produção Global
Questão Agrária
Redes de Computador
Refugiados
Relações Exteriores
Renda Básica
Renda Básica. Europa
Revolução
Russia
São Paulo
Saúde
Síria
Solidariedade
STF
Trabalho
Trabalho Infantil
Transnacionais
Tratado livre comércio
Universidade
Uruguai
Venezuela
violência
Nenhum comentário:
Postar um comentário