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Artistas paranaenses se mobilizam contra o avanço do fascismo

Com a presença de Sérgio Mamberti e Alice Ruiz, uma carta foi lida em protesto ao avanço da candidatura de Bolsonaro


Por Ana Carolina Caldas
Brasil de Fato | Curitiba (PR),3 de Outubro de 2018

 
Com presença do ator carioca Sérgio Mamberti, que integrou o Ministério da Cultura no governo Lula, foi apresentada a carta “Arte e Cultura" / Giorgia Prates

A arte e a cultura sempre estiveram na vanguarda em momentos importantes da história do Brasil. Foi assim na época da ditadura quando peças teatrais eram proibidas e os artistas se posicionaram a favor da liberdade de expressão. Em encontro nesta noite de terça (02), no espaço cultural Ave Lola, em Curitiba, artistas se reuniram para se colocar contra tudo o que representa a candidatura de Jair Bolsonaro. Angelo Vanhoni, coordenador do ato, abriu dizendo que “é preciso reflexão aliada a atitudes contra o avanço do fascismo”. Reforçou o caráter suprapartidário do evento, “pois agora é hora de unir as forças progressistas”.
Com a presença do ator carioca Sérgio Mamberti, que integrou o Ministério da Cultura no governo Lula, foi apresentada a carta “Arte e Cultura do Paraná conta a barbárie”. O documento registra que o estado do Paraná “tem sido um polo de resistência popular e democrática, com ações como a Vigília Lula Livre, o Centro de Formação Marielle Vive a ocupação da sede do IPHAN em Curitiba, que iniciou o movimento nacional pela manutenção do Ministério da Cultura, arbitrariamente extinto pelo governo golpista”. Mamberti destacou a importância da arte em momentos de retrocesso: “É através da cultura que formamos e reafirmamos a identidade do nosso povo. Por isso, é preciso continuar na luta, resistir conta o que esta candidatura representa: o machismo, a xenofobia, a discriminação e sobretudo a violência”.

Olhar para comunicação

Mamberti afirmou ainda que não se pode esquecer da comunicação: “Erramos nas politicas de comunicação. Os golpes tem sido midiáticos. Reforço a importância que olhemos para este setor, façamos a construção de uma comunicação ampla e democrática”.

Arte é o caminho

A poeta Alice Ruiz, companheira do poeta falecido Paulo Leminski, foi uma das convidadas especiais e disse estar se sentindo acolhida num momento tão difícil pelo qual o país passa. “Eu vivi os tempos da ditadura, sei o quanto foram tempos difíceis. Mas vivemos um tempo muito pior, com o crescimento do fascismo. A arte é um dos caminhos para se comunicar outros valores”, salienta.

Ainda fizeram uso da palavra, cantaram e declamaram poesias outros artistas como Octavio Camargo e Antonio Thadeu Wojciechowski. O evento também contou com a presença da presidenta do PT, Gleise Hoffmann, a candidata a vice governadora do Paraná, Anaterra Viana, e a candidata ao Senado, Miriam Gonçalves.

Confira a carta:

ARTE E CULTURA DO PARANÁ CONTRA A BARBÁRIE

Há trinta anos a sociedade brasileira completou sua redemocratização ao promulgar uma Constituição de liberdades civis, de cidadania e inclusão social.

Entretanto, desde o Golpe de 2016, esses ideais tem sido desafiados pelo avanço da barbárie, pela ameaça de retorno à ditadura, pelo elogio à tortura e aos torturadores.

Por isso, nós, que no Paraná produzimos e amamos a Arte e a Cultura, publicamente nos manifestamos em favor dos direitos humanos e repudiamos toda forma de obscurantismo, censura , preconceito, atraso, elitismo, discriminação racial e de gênero.

Sabemos que parte importante deste macabro processo fascista tem sido gestado no Paraná.

Mas afirmamos também que, diante desse desafio, o Paraná tem sido tem sido um polo de resistência popular e democrática, com ações como a Vigília Lula Livre, o Centro de Formação Marielle Vive a ocupação da sede do IPHAN em Curitiba, que iniciou o movimento nacional pela manutenção do Ministério da Cultura, arbitrariamente extinto pelo governo golpista.

Como no poema de Carlos Drummond de Andrade: “é preciso agora que a rosa da liberdade – novamente rompendo o asfalto e a náusea – faça prevalecer a justiça sobre o arbítrio, a democracia sobre a exclusão social, a Arte e a Cultura sobre a intolerância e a bárbarie.

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