Do IHU, 11 Setembro 2018
Por: Rafael Francisco Hiller
Todo o desenvolvimento do capitalismo desde a sua primeira fase, mercantilista, passando posteriormente pelo liberalismo até o presente modelo vigente, financeiro globalizado, passou por inúmeras reformulações e adaptação para conseguir superar suas constantes crises ao longo da história. “As suas teses fundamentais, contudo, permaneceram sempre as mesmas: a centralidade do mercado e a busca do interesse individual de cada um como formas de favorecer o coletivo, a célebremão invisível do mercado. Como a sua dinâmica não é a distribuição dos recursos para construir a justiça, mas a concentração de capitais para maximizar o lucro, o capitalismo sempre provocou desigualdade e exclusão social.”
No que se refere às inúmeras acusações de desigualdade, os capitalistas pressupõem que existe apenas um único modelo econômico que possibilita a democracia, bem como a sustenta, omodelo capitalista. “Essa sempre foi a justificativa ideológica do capitalismo: a defesa do livre mercado, como base para a democracia. O sociólogo alemão Wolfgang Streeck desmascara este princípio – o capitalismo e a democracia se exigem –, porque demonstra a gradual oposição entre os dois, principalmente em sua atual versão financeira.”
Se tal constatação é verdadeira, o sistema capitalista apenas se mantém por meio do emprego da violência sem medida, necessitando do apoio irrestrito do Estado para perpetuar-se. “Por isso, a moeda, o Estado e a guerra são forças constitutivas e constituintes do capitalismo, sendo, em outras palavras, ontológicas ao próprio sistema. Por isso adverte o Papa Francisco, em uma entrevista de 2016 a caminho de Cracóvia, que não nos enganemos, ‘quando falo de guerras, falo de guerras verdadeiras, não de guerras de religião, mas de uma guerra mundial em mil pedaços (...). É a guerra por interesses, pelo dinheiro, pelos recursos naturais, pela dominação dos povos’. Essa face guerreira e violenta é a versão atual do capitalismo financeiro que sutilmente se impõe pela força a governos e parlamentos.”
José Roque Junges, no Cadernos IHU Ideias de número 277 “busca analisar as características fundamentais do atual modelo de capitalismo:
1) seu cunho financista digital globalizado, provocador de contínuas crises financeiras como meio para a acumulação de mais-valia, através de ajustes fiscais que sacrificam direitos sociais;
2) seu foco na captura biotecnológica da vida que configura uma bioeconomia de otimização do corpo, através da comercialização de produtos que respondem a desejos pela venda de saúde e qualidade de vida, de cuja aquisição muitos estão excluídos;
3) seu processo de produção de mais-valia não mais centrado tanto na manufatura de mercadorias, quanto no domínio de conhecimentos que estão no cérebro das pessoas, que são o capital fixo das empresas que capturam e configuram a subjetividade dessas pessoas”.
O texto está organizado da seguinte forma:
1. Introdução
2. Economia financeira digital globalizada
3. Bioeconomia da capitalização da vida
4. Capitalismo biocognitivo de subsunção da vida
5. Reações políticas à captura biopolítica da vida pelo capitalismo
biocognitivo
6. Considerações finais
José Roque Junges possui graduação em Filosofia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul - PUCRS (1973), especialização em História do Brasil Contemporâneo pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos - Unisinos (1978), mestrado em Teologia pela Pontifícia Universidad Catolica de Chile (1980) e doutorado em Teologia Moral pela Pontifícia Università Gregoriana de Roma, Itália (1985). Atualmente é professor de bioética nos cursos de graduação da área de saúde e professor/pesquisador do PPG em Saúde Coletiva da Unisinos.
Para acessar o texto: clique aqui
Para adquirir a versão impressa, o pedido deve ser feito para humanitas@unisinos.br
Grupo de Pesquisa Sul-Sur
Este grupo se insere numa das linhas de pesquisa do LABMUNDO-BA/NPGA/EA/UFBA, Laboratório de Análise Política Mundial, Bahia, do Núcleo de Pós-graduação da Escola de Administração da UFBA. O grupo é formado por pesquisadores de diferentes áreas do conhecimento e de diferentes instituições públicas de ensino e pesquisa.
Buscamos nos apropriar do conhecimento das inter-relações das dinâmicas socioespaciais (políticas, econômicas, culturais) dos países da América do Sul, especialmente do Brasil, da Bolívia, da Argentina e do Chile, privilegiando a análise histórica, que nos permite captar as especificidades do chamado “subdesenvolvimento”, expressas, claramente, na organização das economias dos diversos povos, nos grupos sociais, no espaço.
Nosso campo de investigação dialoga com os campos da Geopolítica, Geografia Crítica, da Economia Política e da Ecologia Política. Pretendemos compreender as novas cartografias que vêm se desenhando na América do Sul nos dois circuitos da economia postulados por Milton Santos, o circuito inferior e o circuito superior. Construiremos, desse modo, algumas cartografias de ação, inspirados na proposta da socióloga Ana Clara Torres Ribeiro, especialmente dos diversos movimentos sociopolíticos dessa região, das últimas décadas do século XX à contemporaneidade.
Interessa-nos, sobretudo, a compreensão e a visibilidade das diferentes reações e movimentos dos países do Sul à dinâmica hegemônica global, os espaços de cooperação e integração criados, as potencialidades de criação de novos espaços e os seus significados para o fortalecimento da integração e da cooperação entre os países do Sul, do ponto de vista de outros paradigmas de civilização, a partir de uma epistemologia do sul. Através das cartografias de ação, buscamos perceber as antigas e novas formas de organização social e política, bem como os espaços de cooperação SUL-SUL aí gestados. Consideramos a integração e a cooperação Sul-Sul como espaços potenciais da construção de novos caminhos de civilização que superem a violência do desenvolvimento da forma em que ele é postulado e praticado.
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