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A revolta dos intelectuais na Hungria de István Mészáros

Do Blog da Boitempo, 26 de Setembro, 2018


Um ano após a morte do filósofo marxista István Mészáros, a Boitempo publica A revolta dos intelectuais na Hungria, primeira obra do autor num exílio que se tornaria definitivo. Publicado originalmente na Itália, em 1958, menos de dois anos após a Revolução Húngara de 1956, esse testemunho de grande valor histórico completa sessenta anos sem perder sua atualidade. Um jovem Mészáros fornece ao leitor uma série de informações e análises em primeira mão sobre as atividades dos intelectuais e das instituições e a grande “reviravolta” que levaria à involução e à supressão de todas as liberdades democráticas. Esses eventos marcaram de forma profunda o desenvolvimento de seu pensamento e de sua vida.

Para além de seu papel como representante da jovem geração intelectual que participou da revolta húngara, Mészáros se debruça sobre o conjunto dos acontecimentos, oferecendo uma perspectiva crítica inédita até então e ainda hoje rara. A partir da reconstituição das relações de oposição socialista ao socialismo soviético, o autor avalia as transformações das políticas de controle sobre a produção intelectual, tanto teórica quanto literária, e o processo de auto-organização dos intelectuais húngaros. A narrativa perpassa desde debates referentes à estética propriamente dita até diversas questões relativas à política soviética para a arte e a intelectualidade em geral, o que inclui, por exemplo, o debate sobre a situação da educação e das ciências.
Neste livro, István Mészáros desvenda os meandros de um regime que esterilizou a política, instrumentalizou a arte e aprisionou o pensamento. Trata-se de uma narrativa seminal sobre liberdade, sensibilidade, tomada de consciência e radicalismo político.

Trecho da obra:

Só com a democratização mais radical é possível imaginar uma solução segura e duradoura para os problemas culturais. Essa democratização, naturalmente, não é uma questão cultural, mas político-social: do contrário, se fosse realizável nos limites da cultura, já se teria há tempo tratado de eliminar o problema, exposto, mais que qualquer outro, aos refletores das contradições. A democratização radical é, portanto, uma necessidade urgente não apenas da cultura, mas de todos os setores da vida.




Ficha técnica:

Título: A revolta dos intelectuais na Hungria: Dos debates sobre Lukács e Tibor Déry ao Círculo Petöfi
Título original: La rivolta degli intellettuali in Ungheria: Dai dibattiti su Lukács e su Tibos Déry al Circolo Petöfi
Autor: István Mészáros
Tradução: João Pedro Alves Bueno
Revisão técnica e notas: Claudinei Cássio de Rezende
Apresentação: Antonio Rago Filho e Claudinei Cássio de Rezende
Orelha: Maria Orlanda Pinassi
Páginas: 184
Preço: R$49,00
Formato (largura x altura): 16x23
ISBN: 978-5-7559-646-3
Coleção: Mundo do Trabalho
Editora: Boitempo

Sobre o autor




István Mészáros nasceu em Budapeste, na Hungria, em 1930, e morreu em Ramsgate, na Inglaterra, em 2017. Graduou-se em filosofia na Universidade de Budapeste, onde foi assistente de György Lukács no Instituto de Estética. Reconhecido como um dos principais intelectuais marxistas contemporâneos, recebeu, entre outras distinções, o Premio Libertador al Pensamiento Crítico, em 2008, concedido pelo Ministério da Cultura da Venezuela, por sua obra O desafio e o fardo do tempo histórico; o título de Pesquisador Emérito da Academia de Ciências Cubana, em 2006; e o Deutscher Memorial Prize, em 1970, por A teoria da alienação em Marx.
Sobre a obra do filósofo húngaro, a Boitempo publicou: István Mészáros e os desafios do tempo histórico (2011), organizado por Ivana Jinkings e Rodrigo Nobile, com ensaios de diversos autores.
Do autor, foram publicados: Para além do capital(2002), O século XXI: socialismo ou barbárie?(2003), O poder da ideologia (2004), A educação para além do capital (2005), O desafio e o fardo do tempo histórico: o socialismo no século XXI (2007),Filosofia, ideologia e ciência social (2008), A crise estrutural do capital (2009), Estrutura social e formas de consciência, v. I e II (2009 e 2011),Atualidade histórica da ofensiva socialista: uma alternativa radical ao sistema parlamentar (2010),A obra de Sartre (2012), O conceito de dialética em Lukacs (2013), A montanha que devemos conquistar(2015) e A teoria da alienação em Marx (nova edição, 2016).

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