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Refugiados retidos no aeroporto de Guarulhos dormem no chão e ficam sem tomar banho

Refugiados retidos no aeroporto de Guarulhos dormem no chão e ficam sem tomar banho


De Caros Amigos, 30 de Setembro, 2016
Por André Neves Sampaio, Da Brasileiros


Cerca de 40 refugiados africanos, de várias nacionalidades, foram retidos no aeroporto internacional de Guarulhos, na Grande São Paulo, dormindo em bancos, sem tomar banho e sendo alimentados com lanches ofertados aos passageiros de aeronaves. O primeiro deles a ter negado o direito a entrar no País desembarcou em Guarulhos no último dia 22.

Asilados no Brasil, os refugiados retornaram ao País depois de passar alguns dias em suas nações de origem. A entrada foi negada com base em uma nova portaria, baixada pelo Ministério da Justiça, em 21 de setembro. O documento diz que estrangeiros com protocolo de solicitação de refúgio precisam agora pedir visto antes de retornar ao Brasil. A medida, no entanto, não deveria ser aplicada ao grupo, uma vez que os refugiados saíram do País antes da aprovação da portaria.

Em entrevista, a advogada Patrícia Vega, que atende parte do grupo, reiterou que a norma só deve ser aplicada àqueles que deixaram o País depois de 21 de setembro. “As pessoas chegaram em voos diferentes, e conforme iam chegando, foram obrigadas a ficar no aeroporto. Alguns permaneceram sete dias detidos”, diz Patricia.

Nesta quarta-feira (28), 19 refugiados foram liberados. A expectativa da advogada é de que todos sejam autorizados a retornar às suas residências no final desta quinta-feira. “Eles estão sem tomar banho, dormindo em bancos, no chão, comendo comida de avião”, relatou Patrícia.

Além da advogada, o presidente do Comitê Nacional para os Refugiados, Gustavo Marrone, orientou a Polícia Federal a liberar o reingresso do grupo. Segundo Marrone, a exigência de visto é matéria ainda não deliberada pelo Comitê e, também, não informada previamente aos solicitantes de refúgio.

A aprovação da nova portaria ocorreu um dia após o presidente Michel Temer defender na Assembleia Geral da ONU que o Brasil é um exemplo de acolhimento aos refugiados. “O Brasil é obra de imigrantes, homens e mulheres de todos os continentes. Repudiamos todas as formas de racismo, xenofobia e outras manifestações de intolerância. Damos abrigo a refugiados e migrantes, como pude reiterar também no encontro de ontem. Num mundo ainda tão marcado por ódios e sectarismos, os Jogos Olímpicos e Paralímpicos do Rio mostraram que é possível o encontro entre as nações em atmosfera de paz e energia.” afirmou Temer no discurso de abertura da assembléia.

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