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Na Escola de Engenharia de São Carlos (EESC) da USP, estudo do engenheiro e pesquisador Paulo Tarso Sanches Oliveira procura entender os mecanismos dos processos hidrológicos e de erosão do solo no cerrado brasileiro. A partir das informações obtidas por sensoriamento remoto e em áreas experimentais, a pesquisa constatou que o desmatamento para implantação de cultivos agrícolas e atividades pecuárias altera o balanço hídrico da região e potencializa os efeitos da erosão. O trabalho recomenda que os dados obtidos sirvam de base para um zoneamento que regule o uso e manejo do solo.
A reportagem é de Júlio Bernardes, publicada pela Agência USP de Notícias, 05-02-2015.
A pesquisa adotou diferentes escalas de trabalho (vertentes, bacias hidrográficas e continental), com base em dados experimentais obtidos em um fragmento de cerrado em Itirapina (interior de São Paulo), em laboratório e a partir de sensoriamento remoto (imagens de satélite). “Assim, foram estudados cada componente do balanço hídrico”, descreve o pesquisador, “tais como a precipitação, precipitação interna [parte da precipitação que passa pela vegetação e atinge o solo], escoamento pelo tronco das árvores, interceptação da chuva, evapotranspiração [parcela da água que evapora mais o uso da água pela vegetação denominado de transpiração], infiltração, água armazenada no solo, que recarrega o aquífero subterrâneo, e o escoamento superficial”.
“O balanço hídrico foi avaliado primeiramente para toda a região do cerrado a partir de dados de sensoriamento remoto no período de 2003 a 2010, que permitiram quantificar o aumento e diminuição de água na superfície terrestre e visualizar espacialmente as regiões mais afetadas”, diz Oliveira.
A estimativa dos valores médios de evapotranspiração variou entre 1,91 a 2,60 milímetros diários (mm d-1) para a estação seca e chuvosa, respectivamente. Os valores de interceptação da chuva variam de 4% a 20% e o escoamento pelo tronco das árvores foi de aproximadamente 1% da precipitação total no cerrado. “O coeficiente de escoamento superficial foi menor que 1% nas parcelas de cerrado e o desmatamento tem o potencial de aumentar em ate 20 vezes esse valor”, relata. “Neste estudo também foi desenvolvido um modelo regional para estimativa da evapotranspiração a partir de dados de sensoriamento remoto, que estima a evapotranspiração de forma satisfatória a cada 16 dias, com uma resolução espacial de 250 metros (m)”.
Erosão
A pesquisa aponta que no cerrado os valores de escoamento superficial, erosão do solo e o fator C da Equação Universal de perda do Solo (USLE), que fornece uma estimativa das perdas, variam de acordo com as estações do ano. “Os maiores valores do fator C foram encontrados no verão e outono”, ressalta. “O uso do solo é considerado um dos principais fatores que controlam o processo de erosão hídrica. Os resultados sugerem que mudanças no uso do solo, como por exemplo a substituição da vegetação original do cerrado pelos cultivos agrícolas, têm o potencial de intensificar a erosão do solo em mais 10 vezes”.
Localizado na porção central do Brasil, o cerrado é o segundo maior bioma da América do Sul e ocupa uma área de aproximadamente 2 milhões de quilômetros quadrados (km2), correspondente a 22% do território nacional e abrange dez das 12 grandes regiões hidrográficas brasileiras. “A água dessas bacias hidrográficas são cruciais para o abastecimento humano e dessedentação animal, manutenção de funções ecohidrológicas de sistemas no cerrado e outros biomas como o pantanal e caatinga, e para o fornecimento de água para a indústria, agricultura, navegação e turismo”, conta. “Várias usinas hidroelétricas do Brasil usam águas provenientes da região de cerrado, que também abriga aquíferos de água subterrânea”.
O pesquisador ressalta que o desflorestamento do cerrado, motivado pela expansão dos cultivos agrícolas, ocorre mais rapidamente que na floresta amazônica e pode levar ao desaparecimento do ecossistema nos próximos anos. “A partir dos dados sobre balanço hídrico e de erosão do solo seria fundamental a elaboração de um zoneamento para definir as áreas prioritárias de preservação, as que possuem melhor e pior potencial agrícola ou de pecuária, as regiões mais vulneráveis a erosão e as que precisam ser recuperadas”, afirma. “Os resultados obtidos na pesquisa podem fornecer alguns subsídios para auxiliar neste processo, que levaria alguns anos para ser concluído”.
A tese de doutorado apresentada no EESC foi dividida em cinco artigos científicos que contemplam estudos sobre o balanço hídrico e erosão do solo no Cerrado em diferentes escalas espaciais e temporais. A pesquisa foi liderada pelo professor Edson Cezar Wendland, do Departamento de Engenharia Hidráulica e Saneamento. O pesquisador Mark Nearing foi supervisor do trabalho no período de intercâmbio no United States Department of Agriculture – Agricultural Research Service (USDA-ARS) e na University of Arizona (Estados Unidos). Também participaram pesquisadores da Queens School of Engineering, na University of Bristol (Reino Unido) do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG) da USP e o Departamento de Agronomia da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS).
Grupo de Pesquisa Sul-Sur
Este grupo se insere numa das linhas de pesquisa do LABMUNDO-BA/NPGA/EA/UFBA, Laboratório de Análise Política Mundial, Bahia, do Núcleo de Pós-graduação da Escola de Administração da UFBA. O grupo é formado por pesquisadores de diferentes áreas do conhecimento e de diferentes instituições públicas de ensino e pesquisa.
Buscamos nos apropriar do conhecimento das inter-relações das dinâmicas socioespaciais (políticas, econômicas, culturais) dos países da América do Sul, especialmente do Brasil, da Bolívia, da Argentina e do Chile, privilegiando a análise histórica, que nos permite captar as especificidades do chamado “subdesenvolvimento”, expressas, claramente, na organização das economias dos diversos povos, nos grupos sociais, no espaço.
Nosso campo de investigação dialoga com os campos da Geopolítica, Geografia Crítica, da Economia Política e da Ecologia Política. Pretendemos compreender as novas cartografias que vêm se desenhando na América do Sul nos dois circuitos da economia postulados por Milton Santos, o circuito inferior e o circuito superior. Construiremos, desse modo, algumas cartografias de ação, inspirados na proposta da socióloga Ana Clara Torres Ribeiro, especialmente dos diversos movimentos sociopolíticos dessa região, das últimas décadas do século XX à contemporaneidade.
Interessa-nos, sobretudo, a compreensão e a visibilidade das diferentes reações e movimentos dos países do Sul à dinâmica hegemônica global, os espaços de cooperação e integração criados, as potencialidades de criação de novos espaços e os seus significados para o fortalecimento da integração e da cooperação entre os países do Sul, do ponto de vista de outros paradigmas de civilização, a partir de uma epistemologia do sul. Através das cartografias de ação, buscamos perceber as antigas e novas formas de organização social e política, bem como os espaços de cooperação SUL-SUL aí gestados. Consideramos a integração e a cooperação Sul-Sul como espaços potenciais da construção de novos caminhos de civilização que superem a violência do desenvolvimento da forma em que ele é postulado e praticado.
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