Jovens ativistas debatem e planejam ações conjuntas
para enfrentar mudança climática. Foto: Divulgação.
|
Jovens do mundo inteiro expuseram seus pontos de vista diante da crise climática que vive o planeta durante a Cúpula dos Povos frente à Mudança Climática, que ocorre desde o dia 8 de dezembro e se estende até esta sexta-feira, 12 de dezembro, em Lima, capital do Peru. Com participação massiva no evento, jovens procedentes de diferentes povos e países debateram como as políticas do sistema capitalista vêm repercutindo nas transformações ambientais em todo o globo. O objetivo é organizar ações conjuntas para engajar todo o planeta na causa.
Da página Adital, 12, dezembro de 2014
Para os ativistas, o ecossistema mundial está dominado pelo modelo de produção e consumo extrativista, que prejudica os bens naturais e atropela os direitos dos povos tradicionais ligados à terra, como indígenas e camponeses. Durante o Encontro Nacional das Juventudes frente à Mudança Climática, organizado pelo Comitê de Jovens da Cúpula dos Povos, em parceria com outras organizações, eles enfatizaram que a principal ameaça está sobre os povos originários e rurais, continuamente postos em risco pelas grandes empresas extrativistas nos diversos países, em especial da América Latina.
Diante disso, os jovens ativistas reconheceram o valor da livre determinação territorial e do autogoverno, da soberania alimentar, assim como da necessidade de uma transformação global da matriz energética, que leve ao abandono dos combustíveis fósseis e dê lugar à soberania energética. Os participantes formaram grupos para planejarem objetivos de ação, como coleta de lixo orgânico e empoderamento dos jovens para serem agentes de mudança nos processos de engajamento no problema mundial. Também destacaram a importância de articular propostas conjuntas com base no reconhecimento das diferentes repercussões da mudança climática.
No último dia 10 de dezembro, ativistas de várias partes do mundo e dirigentes nacionais da histórica Confederação Camponesa do Peru (CCP) participaram da Marcha Mundial em Defesa da Mãe Terra, nas ruas de Lima. Sob a liderança de Hugo Blanco, representantes da CCP demandaram dos governos que "deixem de enganar” os povos com "falsas soluções e medidas que somente são compatíveis com os que buscam grandes lucros e não o resgate da terra, nem o respeito de quem a habita”.
Para Jorge Prado, dirigente da CCP, a Cúpula dos Povos surge em resposta à ausência dos governos do mundo na disposição para adotarem soluções reais e efetivas para resolver o problema da mudança climática. "De nossa parte, povos e organizações, sentimos o compromisso de fazermos acordos, nos mobilizarmos e incidirmos sobre nossos governos, de tal maneira que incorporem pelo menos parte de nossas propostas, com a perspectiva de resolverem, realmente, o tema da mudança climática, que coloca em grave risco a vida humana e do nosso planeta”, enfatiza Prado.
Os dirigentes dos movimentos organizados estiveram na capital peruana representando as bases provinciais e regionais. Eles querem que a mobilização pacífica, ocorrida no último dia 10, seja vista como um exemplo de irmandade e compromisso de todos os povos com a defesa da Mãe Terra. Para as próximas edições, esperam que o espaço de mobilização se amplie e convide à união de forças de várias organizações.
"Chegamos à Cúpula dos Povos, no Peru, para fazer ouvir nossas vozes e protestarmos contra as grandes corporações e transnacionais, que estão destruindo o planeta. Acreditamos que elas são as causadoras da crise climática e têm que assumir sua responsabilidade; da mesma maneira, os governos que dão carta aberta para elas, inclusive aprovando leis, para que operem livremente”, assevera Toribia Lero Quispe, líder indígena boliviana.
Mais de 15 mil pessoas participaram da marcha para exigir firmes compromissos por parte dos governos do mundo. Foto: Divulgação. |
Um dos porta-vozes da Cúpula dos Povos, Antolín Huascar conclamou as cidadãs e os cidadãos do mundo para somarem-se à causa. "Os cientistas dizem que estamos (...) no limite, mas nós, povos indígenas e camponeses, não podemos enfrentar sozinhos esse problema. O planeta necessita de nós todos”, afirmou.
"Exigimos dos representantes das 195 nações que se reúnem na COP20 [20ª Conferência das Partes sobre a Mudança Climática das Nações Unidas, que acontece desde o último dia 1º de dezembro, também em Lima] que contribuam para uma solução real e não somente discutam falaciosos fundos verdes. A partir da Cúpula dos Povos, que é um espaço organizado, projetamos que a base dessa mudança é o ‘bem viver’, que envolve o equilíbrio com a natureza. Somente assim vamos frear essa catástrofe que enfrentamos”, pontuou Huascar.
Ativistas questionam políticas de redução de emissão
Durante o debate da Cúpula realizado no Parque de Exposições de Lima, representantes de países africanos condenaram as políticas de Redução de Emissão por Devastação e Degradação (Redd) das florestas, que são executadas em seus países. Questionaram também até que ponto entidades como a Organização das Nações Unidas (ONU) podem servir aos interesses das grandes empresas petroleiras e mineradoras.
Ruth Nyambuza, delegada do Quênia no evento, assinala que as políticas de Redd prejudicam as florestas do país. Segundo ela, o próprio governo atuaria contra os povos, chegando, inclusive, a incendiar espaços habitados por povos tradicionais poucos meses atrás. Em Moçambique, os africanos indicaram que é destinada uma remuneração ínfima para que camponeses e descendentes cuidem das florestas por mais de 90 anos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário